A história dos hackers - Parte 1

O Começo
Muita gente treme ante a simples menção da palavra “hacker”. A imagem que a maioria das pessoas faz deles é a de pessoas com muito conhecimento, facilidade extrema para lidar com tecnologia, cheios de más intenções e prontos para fazer da sua vida digital um inferno.
O que não é verdade, ou melhor, é verdade apenas em parte. Hackers são sim pessoas com muito conhecimento e com muita facilidade para lidar com tecnologia. Mas não são necessariamente pessoas que querem que o circo pegue fogo.
Veja mais também em:
A história dos hackers - Parte 2
A história dos hackers - Parte 3

Mas vamos começar do começo.
Etimologicamente, a palavra hacker vem de “hack”, que significa brecha, entre outras coisas.
No início dos anos 60, nos laboratórios do Massachussets Institute of Technology (MIT) o termo hacker era usado para diferenciar os alunos “turistas” dos bons alunos. Aqueles que estudavam, eram dedicados e tiravam boas notas eram chamados de Tools (ou ferramentas). Já os que não freqüentavam as aulas e passavam a maior parte do tempo socializando eram os hackers.
O termo passou a ser usado para definir estudantes que gastavam boa parte do seu tempo dedicando-se a hobbys como ficção científica, trens – que eram “hackeados” para ficarem mais rápidos - ou até encontrar túneis e passagens secretas (ou brechas) no terreno da faculdade ao invés de frequentar as aulas.
Por analogia, surgiu o termo “computer hacker”, que segundo definição apresentada por Brian Harvey, da Universidade de Berkeley no seu trabalho Computer Hacking and Ethics seria:
“Alguém que vive e respira computadores, que sabe tudo sobre computadores, que consegue fazer o que quiser através dos computadores. Igualmente importante, no entanto, é a atitude hacker. Programação de computadores deve ser um hobby, algo feito por prazer e não por dever ou por dinheiro. (não há problema em ganhar dinheiro, mas essa não pode ser a principal razão para alguém ser hacker)". Veja o trabalho completo aqui no endereço http://www.cs.berkeley.edu/~bh/hacker.html (em inglês).
A classificação pode ser relativamente recente, mas o papel desses atores é bem antigo. Os primeiros registros do que hoje se chama “ativismo hacker” remontam a 1932, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial e alguns anos antes da Segunda Guerra – muitos anos antes da computação ser sequer uma ciência popularmente conhecida.
enigma
Naquele ano, um grupo de criptologistas poloneses quebrou o código de uma máquina chamada Enigma (na foto), criada pelos alemães e usada por eles para codificar e decodificar mensagens em código Morse de modo a transmitir segredos entre os seus comandos centrais. O esquema de funcionamento da máquina foi entregue aos Aliados no começo da Segunda Guerra e foi decisivo para que os serviços de inteligência dos EUA, Inglaterra e França conseguissem decodificar conversas do exército alemão.
Tudo isso muito antes de nós, meros mortais, nos preocuparmos com a segurança da informação que guardamos no computador de casa.
O que comprova que, como todo mundo que tem uma arma poderosa nas mãos – no caso, o conhecimento tecnológico –, o hacker pode usar essa arma para fazer boas ou más ações.
bluebox
O ativismo hacker evoluiu com a mesma velocidade da tecnologia. Durante os primeiros anos da era da informação, funcionou nos porões das universidades e nas garagens de poucos privilegiados que podiam comprar um computador. Poucos desses ativistas tiveram seus nomes publicados nas páginas dos jornais e um número ainda deles chegou às manchetes de primeira página. Ainda não se sabia o tamanho do estrago que eles poderiam causar, caso desejassem.
Nos anos 70, por exemplo, surge uma classe de hackers chamada Phone Hackers ou Phreaks, hackers que descobriram meios de fazer ligações interurbanas sem precisar pagar um centavo. Um dos mais conhecidos desses hackers foi John Draper, o Cap´n Crunch. Draper descobriu que um brinquedo distribuído nas caixas de um famoso cereal emitia um tom na exata frequência do tom que acessava a rede de longa distância da operadora AT&T.
Depois da descoberta, ele passou a fabricar uma caixa chamada “blue box”, que fez tanto sucesso que virou matéria na respeitada revista Esquire. O problema é que a revista publicou a receita de Draper e fraudar o serviço telefônico virou febre nos EUA.

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